quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Símbolo Perdido, do autor de O Código da Vinci

Sim, o título foi proposital. O principal atrativo de O Símbolo Perdido é ser a "seqüência" do Código da Vinci. Embora, como já aconteceu entre Anjos e Demônios e a segunda "aventura" (momento locutor da Sessão da Tarde) de R. Langdon, não seja necessária a leitura prévia dos outros livros para a compreensão deste, já que as menções às "peripécias" passadas de Longdon são quase nulas.

No mais, a principal característica do livro é ser um livro de Dan Brown. Segue, com uma disciplina assustadora, a receita que fez o seu autor ser um dos mais bem sucedidos da década. Aliás, eu acho que o D. Brown usa o mesmo programa de computador para escrever seus romances que os autores de novela da Globo. Na minha fantasia, esse grupo de "escritores" preenche um formulário respondendo às perguntas pré-programadas de um computador, e, puff!, está pronta a história.

Temos em O Símbolo Perdido (SP, como o mencionarei a partir de agora) a mesma receita dos outros 2 livros que envolvam o professor Robert Langdon. Ele é atraído para algum lugar cheio de mistério e de simbolismos. Ele é "forçado" pro sua "bravura e caráter" a desvendar todos os mistérios para salvar algum "amigo próximo que muito o ajudou na carreira". Ele é auxiliado por alguma "gostosa de meia-idade" (ou nem tanto, seja o gostosa, seja o meia-idade) que também é fera em simbolismos ou em qualquer outra área que venha a ajudá-lo e que tenha algum vínculo com o "amigo próximo que muito o ajudou na carreira". Ele é cético, mas, ao desvendar "todos os mistérios da humanidade", acaba dando o braço a torcer. Ele luta contra (ou a favor) de alguma "seita super secreta fodona que esconde o maior segredo da humanidade". O vilão é alguém esdrúxulo (albino? tatuagens? polícia francesa? FBI? Aliens? Pode escolher à vontade!).

As novidades, ou, como eu prefiro, as perguntas que Brown respondeu para escrever SP são ambientadas em Washington D.C., a cidade criada pelos "pais fundadores dos Estados Unidos da América". Uma bala para quem chutou que Brown sugere que esse grupo de pessoas legais faziam parte da "seita super secreta fodona que esconde o maior segredo da humanidade". Aliás, a bola da vez é a Francomaçonaria, que Brown nega como secreta (afinal de contas, as lojas maçônicas têm plaquinhas e tudo), mas sim como uma sociedade com segredos. Enfim, tanto faz.

O vilão esdrúxulo é um cara tatuado com o nome de Mal'akh, ou, como eu fazia na minha "leitura mental" Malaco mesmo. Enfim, seguindo o roteiro, o vilão vai se mostrar como alguém muito próximo do enredo principal, tentando fazer uma surpresa (tentando, porque já dá pra sacar na metade do livro quem é). Dá pra por o FBI como vilão super esdrúxulo, já que para uma agência daquele tamanho não tem a capacidade de deter um professor de simbologia de Harvard, só na esdruxulidade(?) mesmo.

A sim, a "gostosa de meia-idade". Enfim, é uma cientista maluca que é irmã do megabilionário ("amigo próximo que muito o ajudou na carreira"). (Aew! Cordas do Any other world! fantástico) O que Brown tenta nos empurrar guela a baixo nesse (Oh! Billy Brown!) romance é a veracidade da ciência noética e uma relação entre a ciência moderna (eu diria contemporânea, mas enfim...) e a antiga. Balela. Eu diria que, para estar up-to-date mesmo, SP deveria ter sido publicado uns 3 ou 4 anos antes, quando a febre do Segredo e do Quem somos nós? estava em alta. Sim, vergonhosamente, o mesmo R. Langdon que desbravou os mistérios da religião se mete agora em auto-ajuda pseudo-baseada em fatos científicos. Fazer o quê...

É, acho que não dá pra ir muito longe nessa análise não. O livro é pobre. A escolha de Washington D.C. para cenário não é das mais felizes. Apesar de todo o aspecto "mítico" dos "pais fundadores" e todo aquele blábláblá, a cidade não empolga da mesma forma que um Vaticano ou uma Paris da vida. Danny Brown (oh Danny Brown) também comete o pecado de se perder no meio do livro. Enquanto o seu romance de estréia Ponto de Impacto peca por demorar demasiadamente para começar de verdade, SP peca por perder o fio da meada. O enredo implora um fim lá pro fim das páginas 200, mas Brown (provavelmente pressionado por alguma meta de tamanho, ou por "mistérios" de Washington D.C. a serem desbravados) insiste em enfiar entulho na história, chegando a impressionantes quase 500 páginas.

Em fim, creio que estou sendo um pouco rígido demais. O livro cumpre bem sua função de entreter, de passar o tempo, com uma boa história policial que tenta ensinar sobre alguma coisa "secreta e/ou mística e/ou simbólica". Enfim, de 0 a 10? 5,5. Passou com uma folguinha...

Gilberto G.

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