sábado, 5 de março de 2011

Caim, do lusófono prêmio Nobel da Literatura

Lendo o último post deste humilde blog vejo que estava me desculpando por 4 meses de inatividade. O problema é que agora tenho novamente vir me desculpar, mas por um período ainda maior, 6 meses. Nesses seis meses, além de ter uma mudança de estágio e um semestre letivo inteiro dentro, houve a leitura de um livro que, embora bastante interessante e de um autor que dispensa apresentações, não conseguiu prender atenção à leitura. Leitura que foi concluída, inclusive, na fila do protocolo da Polícia Federal, em "diligência" pelo escritório.

Enfim, trata-se de história de José Saramago, ateu, comunista, português e outros pecados mais, único prêmio Nobel da Literatura que fala e escreve em língua portuguesa. História essa que brinca de recontar o Antigo Testamento por meio do narrador, em primeira voz, Caim. Aquele mesmo, que matou o irmão, Abel.

Esta característica que é a forma psicológica que toma o protagonista. Tudo que ele faz e que acontece com ele é marcado por esse seu pecado original, esse peso que deve levar por resto de sua vida. Vida dedicada a tentar entender a obra divida e criticá-la quando isso não é possível.

O livro é recheado de passagens que mostra a ironia e o saudável desrespeito do autor pela narração bíblica. Exemplo disso é o diálogo de Adão e Eva com um querubim sobre os efeitos da diarréia. Questões de desentendimento com um Deus cruel como mostrado nos episódios de Sodoma e Gomorra, o dilúvio e outros.

Ainda é digna de nota a forma de escrita de Saramago. Parágrafos longos e cansativos. "Revolução" na forma de pontuar (vírgulas, vírgulas e mais vírgulas, nada de pontos finais) e na forma de capitular as palavras (ao invés de maiúsculas em nomes próprios, coloque-as começando frases, mesmo que estas não comecem depois de um ponto final).

A leitura deu-se mais por curiosidade sobre a literatura de um vencedor do Prêmio Nobel do que por real interesse na história. Creio que isso foi preponderante para o cansaço na leitura.

Não vou contra-indicá-lo, porém, também não chego a fazer o contrário. Nota 6, mediano.

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